PREFÁCIO
Dizem que quando reformamos nossa casa, reformamos também
a nossa alma. É o que esperamos que nos aconteça
ao final dessa peleja. Há um bom tempo que estamos reformando
a nossa, e o mais complicado é que a tal reforma está
acontecendo com a gente dentro dela. Verdadeira prova de fogo,
um grande teste de paciência e de resistência.
Os inconvenientes do quebra-quebra são de enlouquecer
até mesmo o mais santo dos homens ou a mais santa das
mulheres. Barulho, poeira, caliça, descômodo. .
.E o mais terrível da lista, em nossa situação:
falta de privacidade. Oh! Meu Deus! Tire-nos o sol e a lua,
mas não nos tire a privacidade.
Contudo, é dessa forma que ultimamente estamos sobrevivendo,
como em um grande acampamento, vivendo no improviso: lona preta
delimitando espaços, cobrindo móveis, anoitecendo
tudo.
Em meu quarto, entrincheirada, ouço o barulho ensurdecedor
do telhado sendo removido. Os ruídos onomatopeicos sobre
a laje exasperam-me.
Em meio à luta, refugiada em minha cama, tento relaxar.
Em minhas mãos, VIVÊNCIAS, o décimo quinto
livro de autoria do confrade Wanderlino Arruda, professor, escritor,
advogado, pesquisador, jornalista, artista plástico,
poeta.
Esse
homem de mil e um ofícios, convidou-me para prefaciar
este seu livro. Convite indeclinável que aceitei com
prontidão e alegria.
VIVÊNCIAS chegou até a mim em boa hora, veio em
meu socorro no campo de batalha em que fora convertido o meu
antigo doce lar.
Uma obra carregada de espiritualidade e lirismo, que se tornara
meu refúgio, meu passaporte para o reino encantado das
metáforas.
O livro é composto por setenta poemas, versando sobre
variados temas.
Trancafiada entre as quatro paredes do meu quarto, li a majestosa
obra de Wanderlino Arruda. Li-a e reli-a com extremado carinho,
sem pressa, para prolongar ao máximo o meu deleite; tal
qual uma criança ao degustar o chocolate de sua preferência.
Entendo que uma das funções da poesia é
a de ampliar o nosso olhar e o nosso sentir. O poeta é
um ser perplexo, um questionador, um ser inquieto que usa as
palavras com total imprevisibilidade, atribuindo-lhes infinitas
possibilidades de forma, de escuta, de significado; expandindo,
com criatividade, sua paleta de cores.
Acredito que a intenção primeira do poeta Wanderlino
Arruda foi mesmo a de provocar emoções, despertar
sentimentos diversos, sensibilizar-nos.
Na verdade, não cabe a mim, tampouco ao leitor, analisar
os poemas, cabe a nós senti-los em toda a sua extensão,
em toda sua essência.
Seus versos, livres das peias da métrica e da rima, são
soberbamente melódicos, sonoros, envolventes.
Em VIVÊNCIAS, o poeta pinta poesia com as pinceladas alegres,
joviais e sugestivas de seu viver apaixonado.
Wanderlino nos oferece um primoroso banquete, onde nos deliciamos
com o sabor predominantemente lírico dos seus versos.
Neste banquete, a principal
iguaria servida é o amor. Amor a Deus sobre todas as
coisas, amor à vida, à natureza, às pessoas,
a lugares. . .
Amor a Olímpia Arruda, sua musa inspiradora, sua esposa,
mãe de seus filhos, avó de seus netos, bisavó
da sua bisneta americana, Clara Star. Olímpia, a deusa
morena, dona dos mais belos e verdejantes olhos. Em sua
homenagem é a maioria de seus poemas. Magnetizado pelo
“olhar de pura esmeralda” é que o vate canta:
A poesia de Wanderlino, em síntese, é o reflexo
de si mesmo, de suas VIVÊNCIAS. Agradará aos ouvidos
e ao coração das pessoas sensíveis, que
pensam, que sentem com a alma, e que amam o belo e o bom.
Sua
obra poética é pura sinestesia. Tem gosto de nuvem,
aroma de amor, verdadeira ambrosia.
Como flecha de cupido, acerta em cheio o nosso coração.
Amor-poesia ou poesia-amor, eis o que encontrará, caríssimo
leitor, nas páginas deste livro. Acomode-se. Aperte os
cintos e ...
Boa viagem!
Dóris Araújo
Academia Montes-clarense de Letras
Academia Feminina de Letras de Montes Claros
Academia de Letras, Ciências e Artes do São Francisco
IHGMC – Instituto Histórico e Geográfico
de Montes Claros
<<
.....>>