Page 110 - DEUSA DAS LETRAS
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Dário Teixeira Cotrim (Org.)
gência brilhante e inquieta, com o dom da oratória, seu espírito
de liderança e pioneirismo poderia tê-la levado a um cenário
menos provinciano, quiçá à política, já que sua capacidade a
habilita a uma distinção em nível nacional, provando que a cul-
tura floresce também longe dos grandes centros, mesmo numa
pequena cidade do sertão.
Deixou marcas nas atividades às quais se dedicou, sempre
interessada em todas as manifestações culturais, experimentando
um pouco de tudo. Em sua ânsia do saber, aventurou-se na pin-
tura e na música, desfrutando os prazeres culturais, ampliando
horizontes, num contínuo aperfeiçoamento em diversos cursos,
leituras e estudos. Como cantora, organizou um coral na Igreja
de Francisco Sá e, já aqui em Montes Claros, foi estudar canto
no Conservatório Lorenzo Fernandez. Entretanto, como leito-
ra voraz, fixou-se na literatura.
Embora nossas famílias fossem amigas (Seu Olyntho era
amigo e companheiro de meu pai), só comecei a conhecê-la no
auge de sua efervescência cultural, como colega do curso de His-
tória das Artes, ministrado no Conservatório Lorenzo Fernân-
dez pelo Maestro Magnani, que vinha de Belo Horizonte na-
quele tempo, os estudos mais especializados eram feitos fora ou
os professores de centros maiores eram trazidos para ministrá-los
aqui, em cursos intensivos. Como aluna brilhante, foi escolhida
para substituir o maestro em novas turmas, quando de sua volta
á capital.
Também fui sua contemporânea na Escola Normal como
colega de magistério. Ela como professora de Português e Lite-
ratura, eu como professora de Educação Artística. Aos poucos
fui tomando conhecimento da grandeza de sua cultura e da for-
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